Lúcifer – O (não)Nome e Suas Confusões

A expressão proverbial “lúcifer” foi alterada indevidamente na versão latina da Bíblia, a chamada Vulgata, para o substantivo próprio “Lúcifer” e tornou-se popular em toda parte onde a cultura cristã alcança atualmente como sendo o nome do adversário de Deus, nomeado nas escrituras, como Satanás e Diabo.

Inclusive, este nomeação equivocada tornou-se tão popular que empresta, atualmente, o nome à uma série de TV que procura romantizar a figura do mau, expressando uma característica de nossos que é chamar o mal de bem, as trevas de luz, amargo de doce e vice-versa (Isaias 5:20). Mas, isto é outro assunto.

A palavra Lúcifer, como nome próprio, foi introduzida na Vulgata pelo Bispo católico Jerônimo (São Jerônimo) por algumas razões. Uma delas se deu pelo fato de que Jerônimo era um ferrenho combatente de um bispo chamado Lúcifer de Cagliari. Este era um critico do papa da época que, para agradar a Constantino, queria voltar a aceitar a doutrina do Bispo Arius, banida no Concílio de Niceia (Dizia que Jesus era criatura e não Deus).

No original, a expressão realmente é traduzida para a demais versões da bíblia é “portador de luz ou brilhante”. NÂO como nome próprio, mas como expressão proverbial.

Além disso, a expressão hebraica original hêylêl – substantivo masculino singular absoluto, da raiz hll = brilhar – tem aplicação diversa, podendo ser estrela da manhã, lua crescente, estrela da alva, planeta Vênus, estrela resplandecente.

O que alguns estudiosos entendem é que o original hebraico não queria dar ideia de “portador de luz”; mas se referia a um mito antigo de que o planeta Vênus que aparece durante um período do ano junto à lua no fim do dia (anoitecer) e reaparece no amanhecer do dia (alva) seria um ser mitológico que anuncia a noite (aquele que vem anunciar as trevas).

Portanto não ser referiria exatamente a algo brilhante, portador de luz. Mas, a algo que anuncia as trevas.

Independentemente da expressão em Isaías 14:12 estar se referindo a algo portador de luz ou que anuncia as trevas, o FATO é que ela não se refere a um ser, ou seja, não vem como nome próprio no original, mas como uma expressão proverbial.

Além disso, a expressão proverbial lúcifer, “portador de luz ou brilhante”, que Jerônimo SUBSTITUÍU por Lúcifer é a mesma utilizada em Apocalipse 22:16 para se referir a Jesus e que é traduzida como a “resplandecente estrela da manhã” (Aqui entendo que o apóstolo usa a figura do Sol e não de Vênus, mas a expressão é a mesma: lúcifer.

Em síntese, trata-se de equívoco chamar de Lúcifer a Satanás, também nomeado Diabo.

Deixo o link para um artigo que acredito ser o mais criterioso e metódico em esclarecer o texto original:
http://www.heresiatofora.com.br/estudos/lucifer-a-invencao-de-um-nome-uma-analise-da-origem-do-nome-lucifer


Haroldo de Sousa – Procurando ser achado Servo de Deus, Estudante das Escrituras, Evangelista, Leitor dos Pensadores Clássicos e Contemporâneos, Advogado, Pós-graduando em Filosofia da Contemporaneidade.

Deixe um comentário